O Financial Times avança hoje com esta notícia, dizendo que se a Irlanda tem merecido “aplausos” e se a Grécia tem conhecido a “vergonha”, Portugal tem-se mantido afastado dos olhos do público, após se tornar o terceiro país Europeu a pedir um resgate financeiro.
No entanto, há razões para um “optimismo moderado”: “embora a pesada austeridade tenha mantido a economia atolada numa recessão dolorosa, a troika dos credores a Portugal – a Comissão Europeia, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Central Europeu – elogiaram o progresso do país em matéria de autoridade fiscal.
Peter Weiss, economista da Comissão Europeia, foi mais longe e afirmou que “Não acreditamos que o governo consiga fazer mais”, depois da terceira avaliação em Abril deste ano. Os mercados também indicam algumas melhorias provisórias. As obrigações do Tesouro a dois anos portuguesas caíram para menos de 5 porcento – o nível mais baixo em mais de um ano – e as obrigações a dez anos fixaram-se em menos de 9 porcento no início do mês, dando ao país um dos melhores desempenhos na Europa este ano.
Os swaps de risco de incumprimento de crédito também demonstram uma evolução positiva, tendo sido reduzidos para metade desde Maio. Continuam a ser precisos €649,000 por ano para garantir que 10 milhões de Euros de dívida pública não entre em incumprimento, mas o Financial Times lembra que em Janeiro passado, seriam necessários 1,5 milhões de Euros.
Os economistas do Deutsche Bank sublinharam, num relatório recente, que os níveis de confiança interna estão a evidenciar sinais de recuperação, não obstante os níveis elevados de desemprego e o estado deplorável da economia doméstica. Na nota, Gilles Moec, economista do Deutsche Bank, indica que “um certo nível de confiança voltou a Portugal, onde o governo continua a ter apoio o suficiente para avançar com um programa de ajustamento extremamente duro”.
Não obstante, os investidores e os economistas avisam que Portugal tem ainda desafios assustadores pela frente. A economia deverá contrair, pelo menos, 3% este ano, quando o desemprego já alcançou o número recorde de 15 porcento. A receita fiscal diminuiu também 3,5% nos primeiros sete meses do ano – contra um aumento projectado de 2,6% – e o governo foi forçado a reconhecer que atingir a meta do défice de 4,5% será impossível. Face a este facto, o FMI já declarou que as metas de défice para Portugal podem ser ajustadas para permitir alguns desenvolvimentos económicos. Na opinião de Moec, “Portugal está a fazer mais do que o suficiente para justificar a continuação do apoio da União Europeia”.
O medo, no entanto, persiste. Portugal continua extremamente vulnerável aos desenvolvimentos para lá das suas fronteiras. Muitos investidores e economistas ainda argumentam que a Grécia poderá ser forçada a abandonar a Zona Euro – o que causaria uma pressão imediata e imensa nos países periféricos já em situação débil. Paul Donovan, economista sénior na UBS, em declarações ao Financial Times, afirma: “O problema de Portugal não é apenas o seu desempenho financeiro, mas a sua associação com a periferia. Se a Grécia sair do Euro, podemos esperar que a Irlanda e Portugal sejam também forçados a sair da Zona Euro do espaço de poucas semanas.”
A notícia original pode ser consultada aqui: http://tinyurl.com/9uk2wpj
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