Já temos falado por diversas vezes dos dividendos das principais empresas cotadas em Portugal. Neste artigo vamos procurar ir às bases, definir dividendos e enquadrá-los na sua estratégia de investimentos.
O que são dividendos?
Ao investir numa empresa está a apostar na rentabilidade de um modelo de negócios. Essa rentabilidade, visível nos resultados operacionais e financeiros das empresas, é traduzida no seu bolso de duas formas:
- Valorização do ativo – Corresponde à subida do preço das ações que compra;
- Distribuição de resultados – A equipa de gestão pode decidir distribuir uma parte dos lucros (depois de impostos) aos seus acionistas, o que é feito através do pagamento de dividendos.
Como avaliar a atratividade de um dividendo?
De uma forma genérica, o dividendo é um rendimento periódico que não é garantido (apesar de poder ser muito mal recebida um corte do dividendo). E este rendimento é calculado pela relação entre o preço da ação e o valor do dividendo. Se compramos uma ação por €10 e se o dividendo por ação é de 0,5€, sabemos que a taxa de rendimento é de 5% (0.5/10).
É importante que tenha em consideração que no momento em que a empresa paga o dividendo (denominado de data ex-dividendo) o preço da ação cai em igual proporção. Ou seja, assumindo o mesmo exemplo, quando a empresa paga o tal dividendo de 0.5€ por ação, o preço cai automaticamente para €9.5. É claro que depois poderá voltar a subir, mas também pode haver uma desvalorização.
Para avaliar a atratividade do dividendo, sugerimos que considere:
- Taxa de dividendo – Esta taxa pode ser usada para comparar este retorno com outras aplicações alternativas;
- Sustentabilidade dos dividendos – Aqui terá de perceber se é ou não provável que a empresa venha a cortar o dividendo. Se observar taxas muito elevadas é natural que alguma coisa não esteja bem;
- Estado de maturidade do negócio da empresa – Se reparar, empresas tecnológicas onde se espera um grande crescimento tendem a não pagar dividendos pois precisam do dinheiro para reinvestir no negócio. Por outro lado, empresas mais maduras tenderão a pagar muitos dividendos.
Como incorporar os dividendos na sua estratégia de investimento?
Investir em empresas que pagam dividendos tem o atrativo de se obter um rendimento regular. No entanto, têm o inconveniente do pagamento de impostos (a empresa paga o IRC e o investidor paga IRS), o pagamento de comissões e a necessidade de reinvestir o capital (e pagar ainda mais comissões).
Investir em empresas que pagam dividendos elevados pode-se revelar um investimento em ações um pouco mais conservador (tipicamente estas empresas têm um nível de risco inferior às empresas que não pagam dividendos, dado o seu estado de maturidade, como referido anteriormente). Revela-se assim como um fator de maior estabilidade da sua carteira, ao mesmo tempo que os rendimentos podem ser utilizados para fazer face a pagamentos necessários (muitos reformados em Inglaterra vivem com os rendimentos da sua carteira de ações).
Empresas que pagam bons dividendos podem ser bons investimentos mas sugerimos que não compre estas ações apenas pela atratividade do dividendo. Nunca se esqueça que boas empresas não são necessariamente bons investimentos. Tudo depende do preço, dos seus objetivos, da sua estratégia e da sua taxa de imposto.
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