Portugal, Sócrates e a Crise.

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Hoje o que se vê e sente é a nossa gradual separação da concentração europeia; é o tecido lucrativo, empresas e indústrias não conseguirem a sustentabilidade adequada, porque, na generalidade, são (e estão) obsoletas.O governo de Sócrates, o engenheiro formado por aquele famosa e falecida universidade que todos nós sabemos, quando quer aplicar uma medida que visa corrigir o sistema político, civil e laboral e receia, de alguma forma, impugnações veementes da parte dos cidadãos que se sentem afectados e prejudicados pelas medidas que o governo pretende introduzir e desenvolver, quase sempre justifica a “bondade” e a “justeza” dessas medidas, dando o exemplo de nações mais desenvolvidas do que a nossa que adoptaram medidas similares e se mostraram produtivas no terreno.

Quem não se lembra do deslumbramento de Sócrates com o sistema educativo finlandês, esquecendo-se que esse país nórdico é mais desenvolvido do que a paróquia provincial portuguesa, possui um sistema organizacional mais activo, mais rico e as mentalidades autóctones do “país da neve” nada têm a ver com as mentalidades acefálicas do país do “Cristiano Ronaldo e pouco mais”?

Quem não se lembra de outros governantes, aqui há uns bons anos atrás, afirmarem que a entrada de Portugal na Comunidade Europeia iria estimular o país na senda do progresso inexorável, aproximando-nos do grau de vida dos países europeus mais competitivos, o que significaria que a nossa economia e o aparelho fértil dariam o salto qualitativo que nos permitiria ombrear com esses países? Nos dias de hoje o que se vê e sente é a nossa progressiva separação da convergência europeia ; é o tecido produtivo, empresas e indústrias não conseguirem a sustentabilidade adequada, porque, na generalidade, são (e estão) antiquadas. No entanto, pensa-se que o “milagre” das grandes obras públicas atenuará o forte desemprego que se faz sentir. Empresário(s) como Belmiro de Azevedo, por exemplo, afirma(m) que isso não é a solução e o país vai de mal a pior com as géneses futuras a terem de pagar a factura do “fogo de artifício”, inconsciência e desgovernação. E isto, se Portugal, no futuro, continuar a existir como país supremo e independente, na perspectiva de que a economia dos “nuestros hermanos” possa vir a “absorver”a nossa economia pois não lhe falta peito financeiro para impor regras.

Vem isto a propósito de o governo de Sócrates – já não há paciência nem pachorra – se”calar como um rato”e se manter cinicamente em silêncio quando nos países da Comunidade Europeia a gasolina baixa de valor ( bem como alguns produtos de primeira necessidade) e quando se verifica o melhoramento nas condições sociais e na qualidade de vida das pessoas desses países. Por exemplo, os preços exagerados dos serviços de electricidade (EDP) e da PT Telecom comparativamente com o preço de iguais serviços na Espanha… Sabendo-se que os Espanhóis ganham, em média, o dobro dos portugueses, cada vez mais nos distanciamos do seu nível de vida e, por consequência, ainda mais do nível de vida dos países europeus mais evoluídos. Pese embora a “nuvem negra” da recessão económica ameace” tempestade” no mundo inteiro… No entretanto a lógica rapace da EDP e da Telecom vai permitindo que estas empresas continuem a desfrutar de lucros imaginários de milhões de euros – tal foi o caso no ano de 2008- continuando a presentear com vencimentos abundantes os administradores e demais companhia, enquanto o comum cidadão é afogado com a grave crise económica e social. Com a benevolência e inoperância de um governo que se diz “socialista”(e de esquerda) e vem sendo conivente e coadjutor desta política de “ceva” do capital. Que encontra na democracia a forma de continuar a estender os seus tentáculos predadores, aqui, no nosso país, e, igualmente, à escala global.

Silvina Pereira

PS: Este texto foi um dos escolhidos no âmbito do passatempo Paul Krugman.